LITERATURA: Que tal "Academia Araçatubense de Livros?"

Adendo: "Recebemos um texto da Cia dos Blogueiros de José Marcos Taveira, cujo primeiro parágrafo era: "Infelizmente, a Academia Araçatubense de Letras recusou qualquer mudança em seu estatuto para incluir novos membros, como escritores blogueiros, escritores de jornais ou autores de músicas. E mantiveram a exigência de um livro publicado para se candidatar a ser 'imortal'." Não pudemos deixar de republicar integralmente o teor deste texto e muito menos de deixar o nosso posicionamento aos final. A nossa opinião, por sua vez, foi republicada em dois dos maiores blogs da região o Blog do Consa e o Blog da Cia dos Blogueiros, aos quais agradecemos o companheirismo a republicação do seguinte teor:


CONTRAPONTO CULTURAL; Opinião: esta atitude da AAL evidencia a elitização do "ser escritor" que a academia ainda impõe com o seu estatuto já obsoleto frente à liberdade e democratização que os meios de comunicação eletrônicos disponíveis permitem. Como se o alcance da publicação na internet fosse menor que o da publicação de um livro; como se os escritores de outros meios que não o livro, tivessem menos qualidade em seus texto pelo simples fato não estarem impressos em páginas de um livro; como se isso causasse prejuízos à ortografia, à gramática, à redação e ao estilo de um autor.


Além de que, hoje em dia, a publicação de um livro como meio de comunicação é muito restrita. Além de o número de cópias se esgotarem em algum momento, a divulgação para que cheguem a tanto é deveras dispendiosa. Tomemos como exemplo um blog como este, o Contraponto Cultural, supondo que produzíssemos um conteúdo literário, qual seria a diferença, em termos de alcance ao público, entre publicar 1.000 cópias dos textos em livros e ter 1.000 acessos?

Seguramente vos digo que 1.000 acessos é a média mensal que temos quase que sem divulgação e enquanto o autor mantiver o texto on-line, a possibilidade de acessos é infinita. Por outro lado, um livro com 1.000 cópias só se esgotaria em um mês se alcançasse esta proeza que é exclusiva de best-sellers.

Voltando à questão da elitização, a publicação de um livro não é barata, muito pelo contrário. No entanto, quem pode bancar, publica sem restrição alguma; nem de forma, nem de conteúdo, nem de qualidade. Tornando-se assim o requisíto único para a publicação a viabilidade econômica.

Muitos membros da AAL sequer são escritores profissionais, pelo contrário, por mero passa-tempo mantido por questão de status, ou terapia ocupacional, ou outra coisa que eu não sei o que é, o são. Por quê então autores de outras mídias, falo não só dos amadores, mas dos profissionais da internet, música e teatro, devem continuar excluídos da AAL?


Sinceramente os limites do meu modesto intelecto não me permitem ver distinção alguma entre quem escreve um livro, administra um blog com conteúdo literário ou informativo, ou compõe letras música ou peças teatrais.


Diante da negativa de inclusão dos escritores sem livros publicados, só me resta sugerir que peçamos uma outra alteração no estatuto da academia: trocar o nome de "Academia Araçatubense de Letras" para "Academia Araçatubense de Livros", porque os livros jamais representarão as letras sozinhos como no século passado e ainda não existe máquina do tempo, e, caso existir, levem-me até Fernando Pessoa para que indaguemos o que ele acha do "ser escritor" no nosso tempo.

PS. Em plena era do IPED, "José"?


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